CRÔNICA DA SEMANA - POR GIBA RIBEIRO

O VILÃO INOCENTE

Após a partida entre Coritiba e São Paulo que terminou em 1 x 1 ontem no Couto Pereira em Curitiba, uma menina de 13 anos sofreu uma tentativa de agressão por parte dos torcedores do time da casa.

  O que motivou a atitude lamentável dos torcedores foi o fato do atacante Lucas, que atua no São Paulo e na Seleção brasileira, ter jogado uma camisa para a torcedora ao final do jogo, segundo ele, a menina gritou seu nome durante toda a partida.

  O atleta relatou o acontecimento em seu twitter, e admitiu que agiu de forma impensada, mas repreendeu a atitude dos torcedores do Coritiba.

AMAI-VOS UNS AOS OUTROS

Talvez a torcida mais traumatizada do futebol brasileiro, um clube que perdeu dezenas de mandos de jogos em 2010, que passa por uma fase ruim no campeonato brasileiro deste ano, e ainda assim, vê sua torcida agindo de forma ANIMAL, no sentido literal da palavra, sem noção da proporção de qualquer consequência.

A falta de respeito é algo que revolta, ainda mais dentro dos estádios de um país que irá receber uma Copa do mundo em menos de 2 anos. Podemos classificar a atitude de Lucas como ingênua, mas foi a ação de alguém que confia em outro ser-humano, foi a atitude de alguém que queria retribuir o carinho de uma criança de 13 anos, que o admira não pela camisa que veste, mas pela maneira alegre como joga o esporte que move este país de norte a sul. Foi o futebol que colocou o Brasil no mapa, é pelo futebol que milhões de pessoas sofrem, choram, riem e explodem de alegria. Mas é no futebol que a irracionalidade e emoção tomam conta do homem, e ali o torna capaz de praticar atos criminosos. Agressão à menor é motivo de prisão, certo? 

Mas o que me admira, é o fato de não serem bandidos os que tem a audácia de ameaçar, xingar, e agredir qualquer pessoa por qualquer motivo dentro de um estádio, meu espanto é de saber que por baixo daquelas roupas verde e brancas que com sua voz intimidaram e repreenderam uma menina de 13 anos, estão  advogados, médicos , engenheiros e tantas outras classes, que quando vestem a camisa do seu clube, ativam seu instinto animal, sentem-se num canil e acabam por fim, agindo como monstros irracionais.